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Instalada a meio caminho entre Rio e São Paulo, no km 260 da histórica Rodovia dos Tropeiros, o novo espaço da Galeria Paulo Fernandes espraia um modo de pensar e vivenciar a arte que privilegia a relação direta entre a obra, o espaço e o público. Ao mesmo tempo que dá continuidade ao modelo implementado pelo marchand ainda nos anos 1980, de valorização de figuras de proa da produção nacional em articulação com uma reflexão crítica consolidada, o espaço assentado em meio a natureza exuberante da Serra da Bocaina traz uma dose de ousadia a um projeto que mescla em iguais proporções intenção comercial e vocação cultural e educativa.

Seu público-alvo é múltiplo, a exemplo de experiências bem-sucedidas de deslocamento do foco para longe dos grandes centros urbanos. A galeria abre suas portas para estudantes das escolas públicas da região, que usam a infraestrutura, a coleção permanente e as mostras temporárias como suporte para o aprendizado, não apenas de arte, mas de outros conteúdos da grade curricular, como física e matemática. Deseja atrair os turistas que transitam pela região, agregando valor cultural às excursões de lazer. E serve de espaço privilegiado para mostrar a colecionadores e público especializado obras de grandes dimensões – que dificilmente encontram espaço adequado nas superlotadas metrópoles. Entre os destaques da galeria de São José do Barreiro está também um conjunto importante de esculturas de José Resende, um dos mais potentes escultores contemporâneos brasileiros, que pertencem à coleção particular do galerista ou de seus clientes.

Fernandes sempre procurou lugares atrativos para abrigar suas galerias, como o espaço que manteve durante décadas no centro do Rio e que funcionou como polo de difusão do trabalho de mestres incontestáveis da arte brasileira, como Tunga, Nelson Felix, Antonio Dias, Sergio Camargo, Rubens Gerchman e o próprio José Resende, de quem se diz grande admirador e que considera como o escultor brasileiro do grande formato por excelência. Diante das dificuldades de circulação e armazenamento das grandes cidades, seu foco de interesse tem se voltado nos últimos anos para lugares alternativos, onde consegue potencializar com mais liberdade seus projetos. Além da galeria de São José do Barreiro e de um escritório de arte que mantém como base em São Paulo, Fernandes ainda desenvolve um interessante e complementar trabalho no espaço híbrido entre galeria e hospedagem que mantém na Praia do Espelho, na Bahia. Ali ele dá continuidade ao projeto iniciado ainda no tempo da galeria carioca e voltado para a produção e difusão de trabalhos em pequenas dimensões, intitulado “Objeto Direto”. A única regra é que sejam obras portáteis, diminutas, muitas vezes produzidas em série, como múltiplos, dispensando “a distinção hierárquica entre original e réplica e valendo pelo efeito estético que produzem”. 

Transitando livremente entre a obra monumentalmente grande ou singelamente pequena, única em sua ambição grandiosa ou democraticamente acessível a todos, Fernandes afirma não ter compromissos fixos. O fato de não contar com apoio púbico ou privado lhe garante essa liberdade. Reitera apenas que gosta de olhar para frente e que pretende seguir sempre atuando em colaboração com outros agentes, seja com os críticos e observadores da arte com quem sempre estabelece parcerias em seus projetos ou com as várias galerias com quem costuma atuar em sinergia na difusão dos artistas com quem trabalha. “Sempre vejo através do olhar de alguém”, afirma ele, diante do novo campo de possibilidades que se abre com essa nova inauguração.

Maria Hirszman

©2023 por Galeria Paulo Fernandes. 

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